Atitudes e sentimentos de médicos que cuidam de seus colegas: um estudo qualitativo na Picardia (ATTRESMED)

O médico doente é um paciente à parte. O seu direito à prescrição e os seus conhecimentos de semiologia conduzem-no facilmente à automedicação. Vários fatores ligados à sua profissão também podem levar ao atraso no atendimento: excesso de trabalho com horários incompatíveis para organizar o acompanhamento, pouco acesso à prevenção ou medicina do trabalho para médicos liberais, mas também modéstia e vergonha de estar doente (e principalmente inapto curar). Atualmente estão surgindo centros especializados e cursos de formação específicos sobre burnout, vícios e patologias psiquiátricas de médicos.

Cuidar de um colega também parece implicar algumas especificidades como a partilha de saberes ou o vocabulário médico. A relação médico-paciente pode parecer mais fácil, mas também pode levar à confusão de papéis e gerar ambiguidade. Nesse caso, o médico pode se sentir muito próximo do médico-paciente para manter sua objetividade e tratá-lo adequadamente. Da mesma forma, a relação de confiança pode ser alterada pelo compartilhamento de conhecimentos médicos, técnicas de comunicação ou construção de confiança que podem, assim, perder sua eficácia.

Essa relação médico-cuidador já foi objeto de algumas pesquisas qualitativas demonstrando a dificuldade do ponto de vista do tratado. Os sentimentos e atitudes do médico que cuida de seu colega ainda são um campo pouco estudado. A hipótese de pesquisa é que há especificidades nessa relação.