Ativação de plaquetas em neoplasias cerebrais (Platon)

As plaquetas são conhecidas principalmente por seu papel central na hemostasia primária. No entanto, eles são cada vez mais reconhecidos por sua participação em vários processos não hemostáticos, como progressão e expressão clínica do câncer. Dados experimentais e clínicos indicam que o envolvimento das plaquetas na fisiopatologia do câncer vai muito além do domínio da trombose associada ao câncer.

Vários estudos experimentais mostraram que as plaquetas podem promover o processo metastático por vários mecanismos. No entanto, embora tenha sido demonstrado in vitro que o contato direto com as plaquetas inicia as células tumorais para metástase, ainda não está claro se tais contatos ocorrem em tumores sólidos. Além de sua capacidade de promover metástase, as plaquetas demonstraram estimular a angiogênese e desempenhar um papel crucial na linfangiogênese.

Considerando que vasos sanguíneos, linfáticos e células imunes são os principais componentes do ecossistema tumoral, nossa hipótese é que as plaquetas contribuem para o desenvolvimento e/ou regulação do microambiente tumoral. Isso ocorre porque as plaquetas estabilizam os vasos sanguíneos do tumor, reparando permanentemente os danos vasculares causados ​​pelas células imunes que se infiltram nos tumores. O direcionamento às plaquetas desestabiliza os vasos tumorais, causando hemorragia intratumoral, o que permite o acúmulo intratumoral de drogas antitumorais administradas por via intravenosa, como o paclitaxel, e melhora sua eficácia.

Estudos também relataram o papel das plaquetas em vários mecanismos patogênicos do câncer: a trombocitose é uma síndrome paraneoplásica que sugere mau prognóstico em pacientes com tumores sólidos; uma correlação negativa entre a contagem de plaquetas e a resposta à quimioterapia tem sido relatada em vários tipos de câncer; análises histológicas de câncer de esôfago sugeriram uma possível associação entre a presença de plaquetas no estroma tumoral e o nível de linfangiogênese tumoral e invasão linfovascular; por fim, um estudo recente relatou a expressão de um dos principais alvos das imunoterapias, PD-L1, nas plaquetas de pacientes portadores de diferentes tipos de cânceres sólidos.

Todos esses dados suportam nossa hipótese de que as plaquetas são componentes e/ou reguladores do microambiente tumoral e, portanto, alvos potenciais para o aprimoramento das terapias antitumorais. Nesse contexto, os objetivos do nosso projeto são determinar se as plaquetas são componentes do microambiente dos tumores do sistema nervoso central e estudar as possíveis correlações entre a presença intratumoral de plaquetas e a evolução de pacientes com tumores do sistema nervoso central