Nomenclatura baseada em neurociência (NbN) como uma ferramenta de ensino

Nas últimas décadas, o interesse dos estudantes de medicina por uma carreira em saúde mental parece estar em declínio1. Existem múltiplos fatores responsáveis ​​pelo aparente desinteresse pela psiquiatria, um deles pode ser a percepção de que a base científica da psiquiatria e da psicofarmacologia é mais fraca em comparação com outras áreas da medicina.

À medida que o campo da psicofarmacologia evolui, a terminologia usada para descrever diferentes classes de medicamentos torna-se cada vez mais complicada: numa época em que o mesmo agente é usado para o tratamento de vários distúrbios diferentes, a nomenclatura em uso é baseada em indicações e dividida em classes que são baseados em doenças - como antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos. Essas classes, por sua vez, são divididas em subclasses como "Atípico" ou "Segunda Geração" - termos que fornecem poucas informações sobre as propriedades farmacológicas do próprio medicamento.

Essa discrepância entre a nomenclatura atual dos psicotrópicos e a forma como são utilizados na prática clínica confunde o clínico e o paciente - e, por não refletir sobre o conhecimento científico atual, pode afetar a forma como os jovens médicos percebem a profissão de psiquiatria.

Em um esforço para examinar formas de melhorar a atual nomenclatura em Psicofarmacologia, em 2008 foi iniciada a força-tarefa de nomenclatura, composta por representantes de cinco organizações internacionais: ECNP - European College of Neuropsychopharmacology, ACNP - American College of Neuropsychopharmacology, AsCNP - Asian College of Neuropsychopharmacology , CINP - Colégio Internacional de Neuropsicofarmacologia, IUPHAR - União Internacional de Farmacologia Básica e Clínica.2 O resultado desse esforço é a Nomenclatura Baseada em Neurociências (NbN) - uma nomenclatura dirigida farmacologicamente que se concentra em refletir o conhecimento atual e na compreensão do sistema neural que está sendo modificado (''domínio farmacológico'') e seu modo/mecanismo de ação ( ''modo de ação'')3. A NbN foi amplamente aceita tanto pelos clínicos quanto pelas principais revistas psiquiátricas4. A necessidade de revisar os métodos de ensino da psicofarmacologia foi revista ao longo dos anos, com diferentes estratégias sugeridas5. Pelo que sabemos, esta pesquisa é a primeira a examinar se uma maior ênfase na neurociência no ensino de psicotrópicos, por meio do uso de uma nova terminologia, atinge o objetivo de melhorar a visão dos estudantes de medicina sobre a psiquiatria.