Avaliação pré-operatória de magnésio ionizado

A incidência relatada de hipomagnesemia é de aproximadamente 2% na população em geral. A hipomagnesemia é um problema comum, ocorrendo em quase 10% dos pacientes hospitalizados em geral e 17% dos pacientes oncológicos hospitalizados. Uma incidência maior, de até 60% a 65%, foi encontrada entre pacientes de unidade de terapia intensiva. A hipomagnesemia pode potencialmente causar complicações fatais, incluindo arritmia ventricular, espasmo da artéria coronária e morte súbita. Também está associada ao aumento da mortalidade e hospitalização prolongada.

O magnésio existe em três formas diferentes no corpo. No soro, 5-14% do magnésio é relatado como complexado com ânions como fosfato, bicarbonato e citrato, 19-33% é relatado como ligado a proteínas (principalmente à albumina) e 55-67% é encontrado na fração ionizada livre. Como a quantidade de Mg ligado ou complexado pode variar significativamente, especialmente na doença, o magnésio ionizado pode variar de forma imprevisível. Os testes laboratoriais convencionais normalmente medem apenas o magnésio sérico total, que muitas vezes não reflete o magnésio ionizado. Ao contrário do cálcio ionizado, que é comumente medido e também facilmente calculado a partir dos níveis totais de cálcio e albumina, o magnésio ionizado não é comumente medido nem facilmente calculado. Um estudo relatou que o nível de magnésio ionizado não pode ser previsto pela análise do magnésio total e que os níveis de magnésio ionizado variam de acordo com diferentes condições fisiopatológicas e entre indivíduos. Além disso, a medição de magnésio ionizado no soro pode ser de grande impacto em pacientes para os quais o status de magnésio é necessário, e a correlação de magnésio ionizado e magnésio total é fraca em pacientes para os quais o status de magnésio é necessário como um todo, e esta é a razão por que o magnésio ionizado deve ser medido diretamente.

Até o momento, a maioria dos estudos clínicos avaliou o efeito da hipomagnesemia no resultado após a cirurgia usando os níveis de magnésio sérico total. No entanto, a porção de magnésio extracelular que é fisiologicamente ativa nos vários processos é o magnésio ionizado. Assim, é importante avaliar o nível de magnésio ionizado em pacientes cirúrgicos para prever os resultados após a cirurgia. Infelizmente, o ensaio clínico sobre o efeito das concentrações de magnésio ionizado nos pacientes cirúrgicos é limitado.