Ciclismo x corrida: comparação de EPOC, oxidação de substrato, apetite e ingestão de energia em homens com sobrepeso/obesidade. (BIKERUN)

O sobrepeso/obesidade, e mais especificamente a massa gorda intra-abdominal (FM), estão fortemente correlacionados com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) surgiu como uma estratégia eficaz para reduzir essa FM prejudicial. Em 2016, o laboratório AME2P foi o primeiro a demonstrar que o treino HIIT é mais eficaz do que o treino contínuo de intensidade moderada (MICT) na promoção da perda de gordura intra-abdominal em mulheres na pós-menopausa. Uma meta-análise realizada pelo laboratório AME2P em 2018, incluindo 39 artigos científicos com 617 indivíduos, confirma os efeitos significativos do HIIT na perda de gordura total e intra-abdominal em indivíduos com sobrepeso ou obesos. Além da modalidade testada (HIIT vs. MICT), parece que o modo de locomoção (HIIT corrida vs. ciclismo) pode impactar a composição corporal de forma diferente, sendo a corrida mais eficaz para a perda de gordura intra-abdominal e o ciclismo para a perda total de FM . O ciclismo envolve principalmente esforço concêntrico dos membros inferiores, enquanto a corrida envolve os membros inferiores, o tronco e, em menor grau, os membros superiores, envolvendo contrações musculares concêntricas e excêntricas. Estas diferenças fisiológicas/biomecânicas têm impacto nas adaptações metabólicas ao exercício e à recuperação. Assim, na mesma intensidade relativa durante o exercício contínuo, o consumo de oxigênio e o gasto energético são maiores na corrida em comparação ao ciclismo. Após exercícios de intensidade superior a 50% do VO2máx, o consumo excessivo de oxigênio pós-exercício (EPOC) e a oxidação lipídica são maiores na corrida em comparação ao ciclismo. O maior envolvimento muscular (massa muscular engajada) e a natureza excêntrica da corrida (causando danos musculares) são provavelmente responsáveis ​​por essas adaptações.

Para entender melhor as mudanças na composição corporal após o treinamento HIIT em corrida versus ciclismo entre pacientes com sobrepeso ou obesos, os investigadores propõem comparar duas sessões isoenergéticas de HIIT. O objetivo é comparar o consumo de oxigênio pós-exercício (+2h) e a utilização de substrato. Considerando a influência das modalidades de prática nas compensações dietéticas, os investigadores medirão simultaneamente a ingestão alimentar espontânea nas 24 horas seguintes.

Objetivos

O objetivo principal é comparar duas sessões isoenergéticas de HIIT: corrida vs. ciclismo.

As duas modalidades testadas são as seguintes:

1. HIIT RUN: 9-12 x [45 segundos a 80% da FCmáx seguido de 1 minuto e 30 segundos de recuperação ativa a uma velocidade de esteira equivalente a 40% da FCmáx].
2. HIIT BIKE: 9-12 x [45 segundos a 80% da FCmáx seguido de 1 minuto e 30 segundos de recuperação ativa a uma potência equivalente a 40% da FCmáx].

A frequência cardíaca máxima teórica (FCmax) é calculada de acordo com a fórmula de Gellish et al. (2007): FCmáx = 207 - 0,7 x idade.

As sessões são conduzidas em ordem aleatória. A segunda sessão é adaptada (9-12 repetições) para obtenção de exercícios isoenergéticos.

Por meio dessas modalidades, os investigadores compararão o consumo de oxigênio pós-exercício (durante 2 horas) e a oxidação de carboidratos e lipídios durante o exercício, o período de recuperação (durante 2 horas) (MetaMax 3B Cortex, França), e o apetite 24 horas pós-exercício (de questionários e entrevista).

*Observe que a supervisão médica de todos os participantes é assegurada pelo Departamento de Saúde do CREPS Auvergne-Rhône-Alpes de Vichy, que está autorizado para tais cuidados. Médicos e professores de atividade física estão presentes no local.

Hipóteses Gerais

Os investigadores propõem as seguintes hipóteses:

• O consumo de oxigênio pós-exercício (2 horas) será maior na corrida HIIT em comparação ao ciclismo
• O maior consumo de oxigênio pós-exercício após a corrida HIIT pode levar a um aumento na utilização de lipídios durante o período de recuperação.
• A ingestão energética durante 24 horas não será diferente devido à natureza isoenergética das sessões.