Tecido adiposo epicárdico e gravidade da doença arterial coronariana em pacientes diabéticos versus não diabéticos

O tecido adiposo epicárdico (EFT) é mais comumente definido como tecido adiposo que envolve o coração, localizado entre o miocárdio e a camada visceral do pericárdio Antes considerado apenas como um mero compartimento de armazenamento, o tecido adiposo é agora reconhecido por sua extensa função metabólica e endócrina , EFT é uma gordura de armazenamento que cobre 80% da superfície do coração, representando 20% do peso total do órgão, EFT é considerada uma parte do tecido adiposo visceral. Essa gordura é uma importante fonte de biomoléculas e produção compartimentada de citocinas e hormônios, atuando como uma glândula localizada.

Além disso, a EFT e o miocárdio subjacente compartilham a mesma microcirculação, sugerindo uma estreita e forte interação entre essas duas estruturas, ela regula fisiologicamente o coração e os vasos sanguíneos, via mecanismos parácrinos e vasocrinos. Também já foi relatado que a EFT atua como importante reservatório de energia para os cardiomiócitos, que dependem da oxidação de ácidos graxos como fonte de energia principalmente em períodos de alta demanda.

Embora a EFT seja necessária para a função do músculo cardíaco, nas últimas décadas foi publicado que o aumento da espessura aumenta muito o risco de desenvolver DCV e síndrome metabólica, tornando-se um novo alvo farmacológico para estratégias de prevenção primária e secundária. Portanto, a medição da deposição de gordura epicárdica é importante. Em termos de modulação, o uso de estatinas poderia funcionar como um possível tratamento para ajudar a diminuir o volume de EFT além da estabilização das placas ateroscleróticas.

A detecção e quantificação de EFT requerem uma variedade de técnicas de imagem úteis, incluindo ecocardiografia bidimensional (2D), tomografia computadorizada sem contraste (TC) e ressonância magnética (MRI). Como o tecido adiposo gera um forte sinal de ressonância magnética, tanto a espessura quanto o volume da gordura epicárdica podem ser facilmente medidos com esta modalidade.

A pesquisa clínica descobriu que estava relacionada à doença arterial coronariana, onde foi encontrada associação independente e linear com DAC e sua gravidade, fibrilação atrial e disfunção miocárdica.

Sabe-se que a gordura visceral acumulada de forma anormal é fator de risco para resistência à insulina, podendo reduzir a sensibilidade à insulina, aumentar a expressão e secreção de citocinas pró-inflamatórias no tecido adiposo e promover o desenvolvimento de DM e doenças cardiovasculares. Como a EFT faz parte da gordura visceral, ela carrega esse risco.

Em relação à DAC no DM, há dados conflitantes.

Maniam et al relataram que EFT foi maior em não diabéticos com DCV, mas não em DM2 com ou sem DCV. Isso sugere que a EFT pode desempenhar um papel maior na DCV em não diabéticos do que naqueles com DM2.

No entanto, nos últimos anos, vários outros estudos relataram que a EFT está anormalmente aumentada em pacientes com DM. No entanto, tamanhos de amostra pequenos e potenciais fatores de confusão (como diferenças nas medições de EFT e tipagem de DM) foram pensados ​​para afetar a força da evidência anterior.

Uma metanálise realizada sugere que a quantidade de EFT é significativamente maior em pacientes com DM do que em pacientes sem DM.

Outro estudo abordando principalmente o DM tipo 1 descobriu que os sobreviventes de longo prazo do DM1 têm uma prevalência maior de aterosclerose coronariana em comparação aos controles, mas o volume de EFT não foi associado à aterosclerose coronariana em pacientes com DM1.