Melhorando o atendimento e prevenindo maus-tratos a órfãos

A África Subsaariana, com mais de 56 milhões de órfãos em todo o mundo, é a região mais afetada em termos de órfãos a serem cuidados (UNICEF, 2014). Os poucos estudos que investigaram crianças em orfanatos africanos mostraram principalmente cuidados inadequados (Espié et al., 2011; Hermenau et al., 2011; Levin & Haines, 2007; Wolff & Fesseha, 1998, 1999). Além da falta de cuidadores treinados e competentes, as crianças também são confrontadas com violência e abuso nos próprios orfanatos (Hermenau et al., 2011; SOS Children's Villages International & University of Bedfordshire, 2014). O abuso e a negligência em orfanatos, para além da traumatização, abuso e negligência nas famílias de origem, representam um risco considerável para o desenvolvimento saudável e para a saúde mental das crianças (Hermenau, Goessmann, Rygaard, Landolt, & Hecker, 2017). Além de atender às necessidades básicas (por exemplo, comer, beber, cuidados médicos básicos, etc.), a educação sensível e não violenta em orfanatos é crucial para o desenvolvimento emocional e físico das crianças. No entanto, o foco dos estudos de intervenção anteriores tem sido a promoção de uma relação sensível e confiável entre o cuidador e a criança. A violência e os maus-tratos, por outro lado, receberam pouca atenção (Hermenau et al., 2017).

A abordagem preventiva recentemente desenvolvida Interaction Competencies with Children - for Caregivers (ICC-C; Hecker, Mkinga, Ssenyonga, & Hermenau, 2017) treina as habilidades de interação essenciais no trabalho com crianças. O foco aqui é fortalecer um relacionamento caloroso, sensível e confiável entre cuidador e criança, bem como estratégias de educação não violenta. Em um primeiro estudo piloto, a viabilidade da abordagem pôde ser demonstrada (Hermenau, Kaltenbach, Mkinga e Hecker, 2015).

O estudo aplica um projeto controlado randomizado de cluster de dois braços e inclui 20 a 25 orfanatos. Após uma investigação inicial, as instituições participantes serão divididas aleatoriamente em órgãos de intervenção e órgãos de controle. O exame de acompanhamento deve ocorrer três meses após a intervenção. Além disso, os dados de viabilidade serão avaliados nas instalações de intervenção apenas no início e no final da intervenção. Todos os cuidadores na instalação (N = aprox. 150) e 10-15 crianças selecionadas aleatoriamente (idade: 6-12) por instalação (N = 300) serão incluídas neste estudo. Os dados dos cuidadores serão avaliados com a ajuda de questionários autoaplicáveis, enquanto os dados das crianças serão avaliados com entrevistas estruturadas.

Há uma necessidade humanitária clara e premente de que a ciência aborde de maneira prática a questão da qualidade da assistência e a prevenção de maus-tratos em instituições de acolhimento. Talvez surpreendentemente em vista disso, até agora nenhuma medida de prevenção baseada em evidências adaptada para os recursos limitados em países de baixa renda foi desenvolvida e avaliada cientificamente. Este projeto de pesquisa pode atender a essa necessidade, com uma avaliação cientificamente rigorosa de um programa de prevenção de violência e maus-tratos que promova o envolvimento ativo do pessoal local e que considere os recursos limitados das escolas em países de baixa renda. Através desses esforços, este estudo pode ajudar mais órfãos a crescer em uma atmosfera de apoio, mantendo seu bem-estar psicológico e melhorando seu desempenho. Este programa preventivo visa causar um impacto significativo no bem-estar psicológico dos órfãos na Tanzânia.