Autocompaixão e autocrítica: uma intervenção de realidade virtual (VirtuS)

O presente estudo usará dois novos exercícios de Realidade Virtual (RV) que serão investigados por meio de dois subestudos independentes. Em primeiro lugar, um exercício que utiliza a técnica da TCC (Terapia Cognitiva Comportamental) denominada 'Padrões Duplos'. Pessoas com autocrítica excessiva geralmente estabelecem padrões mais elevados para si mesmas, o que as torna mais críticas consigo mesmas. Uma forma de se distanciar disso, para permitir uma reflexão mais matizada, é perguntar ao paciente o que ele diria a um amigo que tivesse os mesmos pensamentos negativos sobre si mesmo. Fazendo isso utilizando uma encenação em um ambiente de realidade virtual em que o avatar tem as características de um amigo, o efeito pode ser ainda mais forte. Além disso, a RV oferece a chance de mudar de perspectiva, na qual os participantes recebem seus próprios comentários compassivos da perspectiva do amigo e se sentem como um bom amigo.

O segundo exercício, 'Avatar de autocrítica', tem pontos em comum com os exercícios de (duas) cadeiras da terapia do esquema e o método do diálogo de voz no qual um paciente inicia um diálogo entre suas vozes interiores. No exercício de RV, o participante poderá escolher uma personagem virtual com uma voz que represente a sua crítica interior e que lhe proporcione uma autocrítica própria. Ao falar de forma assertiva e estrita com o crítico interno, após o que o personagem virtual torna-se cada vez menor até recuar, o participante pode experimentar uma sensação de controle sobre sua autocrítica, o que deixa mais espaço para a autocompaixão. Uma discussão com o crítico interno permite uma imagem mais matizada com mais autocompaixão. A mudança de perspectiva após a dramatização permite que o participante se veja falando de forma assertiva com o avatar, o que pode fortalecer o aumento da autocompaixão e a diminuição da autocrítica.

A troca de perspectivas é uma técnica relativamente nova dentro da RV, que pode agregar valor às terapias psicológicas regulares. As terapias psicológicas regulares usam a troca de perspectivas, trocando os papéis em uma encenação física entre um terapeuta e um paciente ou em um grupo. Além disso, mudanças imaginativas de perspectiva são usadas, por exemplo, na terapia de esquemas ou na reescrita de imagens. Mesmo que isso possa trazer uma nova percepção para outra perspectiva, não é possível repetir a dramatização em que o participante pode ver a si mesmo da perspectiva de outra pessoa. Isso é, no entanto, possível através da RV.

O presente estudo investigará os dois exercícios de RV mencionados anteriormente usando dois subestudos independentes, para determinar se eles contribuem para a autocompaixão e se a mudança de perspectiva é de valor agregado. Isso será feito comparando duas condições para cada exercício de RV; um com mudança de perspectiva e outro sem mudança de perspectiva. O estudo pretende responder às seguintes questões de investigação:

• Os dois exercícios de autocompaixão de RV têm um efeito positivo na autocompaixão (aumento) e na autocrítica (diminuição)?
• A mudança de perspectiva é para o exercício 'Padrões duplos de valor agregado? Em outras palavras: é receber a própria resposta compassiva de valor agregado, além de mostrar compaixão a um outro vulnerável.
• A mudança de perspectiva para o exercício 'avatar de autocrítica' tem valor agregado? Em outras palavras: observar a si mesmo de maneira forte e resiliente é um valor agregado, além de falar de forma assertiva com o crítico interno?