O Papel dos Melanócitos no Carcinoma Basocelular

Os melanócitos são células dendríticas altamente especializadas que desempenham múltiplas funções através de mecanismos autócrinos, parácrinos e endócrinos. Essas células fazem parte de um complexo sistema de comunicação intercelular juntamente com queratinócitos, células de Langerhans e fibroblastos. Essa intrincada rede de comunicação celular é possível graças à interação com citocinas, fatores de crescimento e neurotransmissores. Embora os melanócitos desempenhem funções imunorreguladoras e neuroendócrinas de forma brilhante, seu papel fundamental é oferecer proteção contra os efeitos nocivos da radiação UV por meio da produção e transferência de melanina para os queratinócitos, processo mais conhecido como melanogênese. Este último requer 3 proteínas básicas para garantir a fotoproteção: MC1R (ativação), MITF (tradução) e TYR (síntese de melanina).

Se uma das principais características dos melanócitos é evitar o efeito lesivo da radiação ultravioleta, muitas questões surgem a respeito da possível relação entre essas células e o câncer de pele. Atualmente um grande número de alterações melanocíticas tem sido descrito no melanoma; no entanto, no câncer de pele não melanoma, o papel dos melanócitos é menos claro. O carcinoma basocelular (CBC) é a neoplasia mais frequente em todo o mundo. Existem mais de 30 subtipos histopatológicos, porém o subtipo nodular é o mais comum. Variedades pigmentadas são comuns em tipos de pele mais escura, portanto em nosso país. Estudos anteriores mostraram um aumento no número e tamanho dos melanócitos. A melanogênese também foi aumentada à custa de melanócitos hiperfuncionantes. Em nossa experiência temos observado que o curso clínico do carcinoma basocelular nodular pigmentado é mais benigno quando comparado aos não pigmentados. A maioria dos estudos sobre o papel dos melanócitos e da pigmentação no carcinoma basocelular foi realizada em populações caucasianas e, portanto, não é representativa do que pode ocorrer na população mestiça. O objetivo do estudo foi descrever as características dos melanócitos nas variantes pigmentadas e não pigmentadas do carcinoma basocelular. Quantificar a expressão da maturação melanocítica: fatores de transcrição (SOX9 e SOX10), quinase de adesão focal (FAK125) e receptor tirosina quinase (c-KIT) e melanogênese como receptor de melanocortina 1 (MC1R), fator de transcrição associado à microftalmia (MITF) e marcadores de tirosinase (TYR). Investigar o microambiente tumoral através da quantificação de melanina, mastócitos, angiogênese e elastose solar.